Muito se fala sobre a parada gay de São Paulo, mas o que realmente importa? Este ano, todos os eventos ligados a parada, como a feira GLBT e o Gay Day do Playcenter, estavam mais vazios do que de costume.
São Paulo se tornou uma das principais capitais gays do mundo, quando, em 2007, a parada bateu recorde de público. Depois disso, foi comprovado que o evento é o mais lucrativo do país – até grandes patrocínios, como Petobrás e Caixa, se interessaram na passeata. A partir daí, os principais jornais do país resolveram intensificar a cobertura completa do evento com seções especiais, como faz a Folha Online e o G1, da Globo.
Aí eu me pergunto: será que isso é bom?
90% das pessoas que eu conheço, dizem o seguinte sobre a parada gay: perdeu seu foco, e virou apenas uma micareta. É hipocrisia dizer que todos os homossexuais e heterossexuais que vão para a Paulista estão lá para lutar por um mundo igual e sem preconceitos. Isso é realmente verdade, mas, pensando bem, vivemos num mundo hipócrita. A própria reeleição do presidente Lula é um exemplo claro disso: ele só conseguiu o feito por causa do famoso projeto “Fome Zero” – que é uma compra de voto de forma descarada. Até o nosso papel reciclado é uma hipocrisia: já que ele é tão ecologicamente incorreto quanto o papel comum, porque precisa de mais água para ser produzido. Se formos levar tudo ao pé da letra, nada do que vemos por aí é o que realmente parece ser. O que não é diferente com a parada gay.
Mesmo assim, ver uma megalópole como São Paulo parar por um evento homossexual que consegue encher a maior avenida do país, já é um ponto positivo. Os olhos do governo se abriram para os gays: afinal, essa ‘minoria’ é expressiva a ponto de mover a maior e mais lucrativa passeata do país, apesar de todo o preconceito e falta de legislação para os homossexuais. Movimentar milhões em turismo, e trazer pessoas de outros países e vários outros estados.
Verdade seja dita: vivemos em um país muito desigual. A maioria da massa brasileira nem se quer entende a homossexualidade, e ainda a trata como homossexualismo (do sufixo ‘ismo’, que significa ‘doença’). O governo mesmo, só respeita a parada porque os gays têm dinheiro e influência – já que a maioria é economicamente ativa, e trabalha em setores de comunicação e cultura.
Se eu pago as minhas contas, tenho todo o direito de me relacionar com quem eu bem entender e ninguém tem absolutamente nada a ver com isso. Cada um faz o que quiser, e merece ser respeitado. Você não precisa gostar de gays, isso não é necessário, apenas os respeite.
Independente do motivo pelo qual as pessoas vão para a Avenida Paulista, a parada gay serve para que, pelo menos por um dia, as atenções sejam voltadas para esse movimento de igualdade. No Gay Day do Playcenter, por exemplo, várias famílias vão ao parque sem saber da comemoração e permanecem em harmonia com os casais gays que vão ao parque. E sobre a temática, este ano não teve nenhum carro de balada gay na Paulista – a maioria dos trios era sobre questões militantes, como a nova lei contra homofobia. Um dos carros ficou parado em frente ao metrô Consolação, só recolhendo assinaturas a favor da lei.
Os problemas que vemos na parada, são causados por pessoas que não são homossexuais. Bandidos que vão tumultuar a festa. Por culpa deles, os holofotes saem do foco principal e bonito da festa, e vão parar nos incidentes – que são pequenos se comparados a outras grandes festas com multidões.
A imprensa também não ajuda. A Folha de São Paulo, por exemplo, divulgou que a Polícia Militar não quis fazer a contagem do público presente. Quando que, na verdade, essa contagem seria feita pela organização do evento – tudo previamente combinado anteriormente.
Muitas informações desencontradas, e sempre priorizando o sensacionalismo.
A parada gay tem seu sentido sim, e vai continuar acontecendo porque gera dinheiro aos cofres públicos – dinheiro, aliás, que se quer é usado para alguma questão homossexual.
Se eu fosse da organização da parada, opinaria por fazer uma festa menor – no Anhembi ou em algum estádio, por exemplo – com convites previamente trocados por quilos de alimento ou agasalhos. Isso evitaria a entrada de marginais, e deixaria a parada gay de São Paulo do jeito que deveria ser.