O problema de se começar uma carreira de cineasta com o pé direito é manter o status do seu primeiro filme.
M. Night Shyamalan ganhou destaque logo de cara com “O Sexto Sentido”, um fenômeno de crítica e bilheteria. Depois veio o criticado, porém bem sucedido, “Sinais”, e o morno “Corpo Fechado”. Declinando ainda mais, aparecem “A Vila” e “A Dama na Água”.
Com a imagem um pouco abalada, Shyamalan re-surgiu com o promissor suspense “Fim dos Tempos”. Fato é: realmente o filme não é ruim, mas passa longe do que esperamos do talentoso Shyamalan. A impressão que está estampada na tela é de que “Fim dos Tempos” foi feito as pressas, e que o diretor não cuidou do filme com o cuidado necessário. Os atores, que já não são muito bons, estão pessimamente dirigidos em cena, com atuações exageradas e de mal gosto.
Outro detalhe que irrita são as explicações do que está acontecendo durante toda a projeção. Shyamalan subestima seus espectadores com um roteiro que precisa ficar se explicando o tempo inteirinho, como se quem estivesse assistindo não tenha capacidade de entender a trama.
Mesmo com os problemas, “Fim dos Tempos” traz cenas de suspense de tirar o fôlego, e uma premissa interessante que mistura fé, política e sobrevivência. A história é muito boa, e Shyamalan mostra que sabe criar ambientes tensos, comoventes e assustadores.
Pena que ele tenha errado no desenvolvimento desta história, e se esquecido de prezar pelos pequenos detalhes.
”Fim dos Tempos” custou 60 milhões, e já fez 30 milhões na sua estréia. Os números contrariaram as expectativas dos críticos americanos, que esperavam uma abertura ruim para a produção.